quarta-feira, 30 de março de 2011

Pelas mãos

Ultimamente tem passado muitos anos’, e eu não vi o mês de março que acabou. As chuvas de verão já foram, mas o outono ainda ensaia os últimos passos da estação passada, com céu limpo e temperatura alta. Eu não tenho visto o correr das horas de cada minuto.

O tempo voa pra consumir uma espera interminável, mas também fica para dizer das coisas boas do esperar. Ainda assim, tenho visto os amigos, recebido notícias com tanta velocidade que me perco nas minhas faltas e respostas.

Na pressa, é preciso saber do sim e do não. Saber a hora de parar e de sorrir de volta. Procurar formas, realizar-se. Ultimamente, eu não tenho visto o tempo. Me perco entre o domingo e a sexta-feira. Porém, mais triste que a pressa, é o não saber ficar. Entre um lugar e outro, me fixei. Raízes suspensas para ter o direito de recomeçar. (E respirar. E saber o meu).

A vida é feita assim: de escolhas automáticas, de tristezas passageiras e daquilo de bom existente em um dia cheio: um almoço, uma boa companhia, um conselho ou uma risada. Os anos passam e me carregam pelas mãos.

Em contrapartida, me deixam histórias, pessoas, vontades. Os anos me fazem livre para ser diferente daquilo do que fui e serei. Os anos me dão espaço para ser o hoje. O tempo não traz consigo a conformidade com a paisagem, mas sim uma alegria real de se ter o controle e um amanhã baseado em toda leveza existente na loucura de cada amanhecer.

Publicado em Ana Flávia Alberton

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